segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

PROJETO FLOR GENTIL - EXEMPLO DE BEM VIVER

Gentil é pouco para se falar sobre esse projeto. Helena Lunardelli, florista, há 10 anos decorando festas e campanhas publicitárias, criadora do projeto Flor Gentil - agora seu projeto de vida - deu um nobre destino às flores utilizadas nestas cerimônias. No dia seguinte, após os eventos, Flor Gentil e voluntários recolhem essas flores, selecionam, montam lindos e pequenos buquês para serem entregues e presentear idosos em asilos e casas de repouso, levando beleza, carinho, alegria e vida a estas pessoas.
 Quem quiser pode ser parceiro e multiplicar esse lindo e carinhoso gesto pelo Brasil afora...


florgentil.com.br




Petróleo - ENERGIA SUJA!


31/01/2011 - 10h01
Petróleo – o excremento do diabo
Por Célio Pezza*

Há muitos anos que o mundo sabe dos problemas gerados pela exploração das energias fósseis, em especial o petróleo. Evidente que o petróleo e o carvão foram as bases energéticas do crescimento industrial e econômico, mas também foram os causadores da situação calamitosa em que se encontra o planeta em termos de poluição, aquecimento global e desastres ambientais. Juan Pablo Péres Afonso, antigo ministro da energia da Venezuela falecido em 1979 e um dos criadores da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), disse certa vez uma frase que define bem o problema: “Dez anos, vinte anos a partir de agora, vocês verão que o petróleo será a nossa ruina... Petróleo é o excremento do diabo!".

O planeta exige fontes limpas de energia e o petróleo é uma das mais poluidoras que existe. Aqui no Brasil, de acordo com a ANP (Agência Nacional de Petróleo), a Petrobrás lança entre 7 e 10 milhões de toneladas de CO2 por ano na atmosfera e, apesar de já ter reduzido a queima de gás, em novembro de 2010 ela foi de, aproximadamente, 7 milhões de m3 de gás por dia em suas plataformas. Se este gás fosse jogado na atmosfera ao invés de ser queimado, a poluição seria muito maior, pois o gás metano emitido é cerca de 20 vezes mais nocivo que o CO2 produzido pela queima deste gás. Em termos de poluição, o problema mais sério vem agora, com a descoberta de enormes jazidas de petróleo na camada pré-sal.

O físico José Goldemberg já alertou que não podemos fechar os olhos para tamanha riqueza, mas a exploração incorreta pode gerar uma grande decepção, pois seus problemas ambientais são simplesmente desconhecidos. Além do problema do grande aumento de emissão de C02 pelo aumento de volume produzido temos o agravante da localização, pois quando falamos de pré-sal estamos falando de extrair petróleo a uma profundidade entre 5 e 7 mil metros e não podemos esquecer os recentes problemas no golfo do México, onde não conseguiam fechar uma válvula a 1500 metros de profundidade e o petróleo vazou no mar durante praticamente três meses, com danos incalculáveis ao meio ambiente. Será que a natureza já não mandou recados suficientes para o ser humano parar esta corrida desenfreada rumo ao caos?

Evidente que o petróleo é a base energética de todo o mundo e não vivemos sem ele, mas temos que investir em energias limpas e reduzir, de uma forma metódica e planejada, as energias sujas. Caso contrário, em breve, veremos que Juan Pablo Péres estava certo quanto ao excremento do diabo. Isto não é pessimismo ou baboseira; é uma simples projeção realista dos fatos que vemos diariamente. 

*Célio Pezza é escritor (http://www.celiopezza.com/livros.html), mas tem sua formação acadêmica em Química e Administração de Empresas. Nascido em Araraquara, interior de São Paulo, Célio mora atualmente em Veranópolis, no Rio Grande do Sul.



(Envolverde/O autor)
Últimos Comentários
András Voros (andras@pop.com.br)
No caso do pré sal, estão esquecendo que pela lei da física, se há um vazio no lugar do petrólio extraido, as paredes da caverna criada, ruirão e causarão terremotos.Não adianta afirmar que será tudo preenchido por água do mar.....pois as condições de pressão interna nunca serão mais iguais a inicial....Os terremotos dos próximos 10 anos.....poderão ser creditados ao Sr. Lula...

© Copyleft - É livre a reprodução exclusivamente para fins não comerciais, desde que o autor e a fonte sejam citados e esta nota
seja incluída.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

MATA ATLÂNTICA - MANEJO SUSTENTÁVEL

MANEJO SUSTENTÁVEL DOS RECURSOS FLORESTAIS DA MATA ATLÂNTICA
A Mata Atlântica se encontra atualmente reduzida a apenas 7,3% de sua área original. Grande parte das atividades de agricultura e pecuária, e cerca de 60% da população estão estabelecidas em áreas originalmente cobertas pela Mata Atlântica.
Este Bioma ainda possui grande biodiversidade e é apontado como tendo uma das maiores taxas de diversidade do mundo. Entre muitas das espécies da Mata Atlântica, encontramos vários de grande importância para nossa subistência, fontes de recursos utilizados no nosso dia-a-dia, como: madeiras nobres, lenha, óleos, alimentos, medicamentos, fibras, flores e etc.
MADEIRAS: Peroba, Canela, Imbúia, Araucária, Cedro, Pau-Brasil, Caixeta, Bracatinga,Jacatirão e outras.

ALIMENTOS: Palmito, Pinhão, Erva-Mate, Caju, Maracujá, Maracujá doce, Bacupari, Pinha, Goiaba, Jabuticabas, Araçás, Goiaba serrana,  e outras
MEDICAMENTOS: Espinheira Santa, Ginseng Brasileiro, Carqueja, Chapéu de couro, Embaúba, Guaçatonga, Pariparoba, Jaborandi, Caraguatá e outras.   
                        Espinheira santa                                                                        
FIBRAS: Piaçava, Cipó imbé, tucum, Imbiruçu, Banana-do-mato, Indaiá e etc
 Piaçava
ORNAMENTAIS: Xaxim, Orquídeas, Bromélias, Helicônias, Samambaias silvestres, entre outras.

A utilização sustentável dos recursos da Mata Atlântica, ou seu Manejo sustentável, exigem conhecimentos sobre a ecolgia da floresta e sobre a ecologia da espécie produtora do recurso florestal. Manejo sustentável significa utilizar os recursos de maneira que possam se recuperar e que continuem a existir para usufruto das gerações futuras.
Os fundamentos para o Manejo Sustentável das espécies da Mata Atlântica são estabelecidos a partir das pesquisas realizadas pelas Uniersidades e Institutos de pesquisa, assim como os conhecimentos acumulado por vários anos de observações e experiências realizadas por comunidades que tradicionalmente extraem recursos da floresta.
 Para qualquer intervenção em uma floresta, é necessário antes realizar um levantamento sobre quanto existe de um recurso dentro  de uma determinada área – ou seja, realizar um INVENTÁRIO FLORESTAL onde as plantas serão contadas e medidas - plantas adultas, matrizes, jovens... para então se obter as informações necessárias para o manejo. O conhecimento de quem vive na área também é muito importante. Deve-se também colher informações sobre as espécies animais que vivem na área e dela dependem para sobreviver, de quais frutos se alimentam e ajudam a disseminar, instetos polinizadores etc...
 A capacidade  de saber manejar os recursos naturais, respeitando a capacidade da natureza de repor seus estoques e manter suas funções ecológicas, de maneira ecológicamente equilibrada, economicamente viável e socialmente justa – criando novos empregos, mais renda para o homem do campo, com mais qualidade de vida - representam o desenvolvimento sustentável assim uma produção e consumo sustentáveis, com  a perservação de áreas e ecossistemas frágeis e a recuperação de áreas degradadas através de agroflorestas e/ou sistemas agrosilvipastoris. A legislação, a pesquisa, a educação fornecem importantes instrumentos para se caminhar nessa direção.
  Mais informações : Recursos Florestais da Mata Atlântica: manejo sustentável e certificação  -  www.rbma.org.br   (Reserva da Biosfera da Mata Atlântica – publicações) 

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

TRATAMENTO ALTERNATIVO DE ESGOTO DOMÉSTICO


                                   animação: Claudia T.Cseri http://www.youtube.com/watch?v=t8ODez-37GM

        

Ideal para áreas rurais, costeiras e periferias urbanas onde não existe tratamento de esgoto convencional ou  se usa fossas negras que contaminam subsolo e lençóis freáticos.
Trata-se da filtragem das águas negras (provindas das fossas sépticas ou diretamente dos vasos) e das águas cinzas, de tanques, pias e chuveiros, através de filtros de raízes de plantas sobre casca de arroz, areia, terra  e brita dispostos em camadas alternadas, por diversas sessões até o refino final da água pelo aguapé e alfaces d’água e que poderá ser utilizada para irrigação de pomares, jardins, viveiros e para lavar áreas externas.
                                               foto refino;Nijen paisagens
Este sistema todo poderá ser projetado de maneira a formar um belo e decorativo jardim multifuncional, pois não exala odores.  Atinge uma eficiência de 99%, mostrando-se um dos mais completos sistemas já propostos. Pode ser, portanto, utilizado para todo o esgoto produzido em uma residência, sem separação das águas servidas, conforme mostrado no esquema acima. No caso de separação das águas servidas, estas podem ser ligada diretamente à segunda caixa, sem necessitar passar pela primeira, cuja fermentação se tornará mais eficiente, passando antes por uma caixa de gordura
 O tratamento das águas com resíduos é resultado da união entre os processos físicos, químicos e biológicos que ocorrem pelo fíltro físico (raízes, brita e areia) e as comunidades bacterianas e macróficas (plantas ) que irão “digerir” a matéria orgânica presente nos efluentes.
zona de raízes: Foto Nijen Paisagismo

As plantas utilizadas para esse fim são: o copo-de-leite,  junco ou junquinho, taboa, papiro e outras, que podem ser vendidas para floriculturas proporcionando alguma  renda extra. As plantas consideradas nativas apresentam maior eficiência nas reduções da DBO e DQO (utilização do oxigênio na decomposição da matéria orgânica), resultando numa melhor qualidade da água resultante desse processo

Objetivos:
-Tratar o efluente por meio de uma tecnologia de baixo custo e fácil manutenção , evitando a contaminação do solo ao redor da residência por efluente doméstico não tratado, que pode conter agentes patogênicos, ovos e cistos de verminoses, e que influenciam negativamente à saúde da família, principalmente crianças;
- Mudar a consciência em relação aos cuidados com a água e seus usos na residência, por meio da observação do crescimento, do desenvolvimento e do aspecto paisagístico e da qualidade do efluente tratado que sai da estação de tratamento de esgoto - maior cuidado com o que se joga nos vasos sanitários;
- Integrar o sistema de tratamento de esgoto com a paisagem local, utilizando plantas nativas em áreas de Proteção Ambiental, e plantas com potencial paisagístico  em áreas da zona urbana;
- Trabalhar com um sistema de tratamento de esgoto que não necessite de equipamentos que utilizem energia, funcionando todo ele por gravidade e pela ação de oxigenação das plantas.
- Incluir o sistema de tratamento de esgoto como um elemento estético integrado ao jardim da residência, justamente por não exalar odores possibilitando transformá-lo em um local de observação;

  Existem inúmeros modelos seguindo esse padrão altamente eficiente, podendo-se utilizar o mais adequado para cada espaço, e as dimensões de cada “bacia” de tratamento dependerão da quantidade de “fornecedores” de cada residência. Em geral “bacias” ou tanques de 1m³ para casas com 5 moradores, portanto 0,20m³ por pessoa. Para isso pode-se utilizar caixas d’água, alvenaria, isolamento feito com lonas plásticas e outros métodos de impermeabilização do solo criando modelos e formatos decorativos.

http://www.youtube.com/watch?v=t8ODez-37GM






segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

LEI DE RESPONSABILIDADE SÓCIO-AMBIENTAL

24/01/2011 - 10h01
Uma lei de responsabilidade sócio-ambiental?
Por Leonardo Boff
Já existe a lei de responsabilidade fiscal. Um governante não pode gastar mais do que lhe permite o montante dos  impostos recolhidos. Isso melhorou significativamente a gestão pública.

O acúmulo de desastres sócio-ambientais ocorridos nos últimos tempos, com desabamentos de encostas, enchentes avassaladoras e centenas de vítimas fatais junto com a destruição de inteiras paisagens, nos obrigam a pensar na instauração  de uma lei nacional de responsabilidade sócio-ambiental, com pesadas penas para os que não a respeitarem.

Já se deu um passo com a consciência da responsabilidade social das empresas. Elas não podem pensar somente em si mesmas e nos lucros de seus acionistas. Devem assumir uma clara responsabilidade social. Pois não vivem num mundo a parte: são inseridas  numa determinada sociedade, com um Estado que dita leis, se situam num determinado ecossistema e são pressionadas por uma consciência cidadã que cada vez mais cobra o direito à uma boa qualidade de vida.

Mas fique claro: responsabilidade social não é a mesma coisa que obrigação social prevista em lei quanto ao pagamento de impostos, encargos e salários; nem pode ser confundida com a resposta social que é a capacidade das empresas  de se adequarem às mudanças no campo social, econômico e técnico. A responsabilidade social é a obrigação que as  empresas assumem de buscar metas que, a meio e longo prazo, sejam boas para elas e também  para o conjunto da sociedade na qual estão inseridas.

Não se trata de fazer para a sociedade o que seria filantropia, mas com a sociedade, se envolvendo nos projetos elaborados em comum com os municípios, ONGs e outras entidades.

Mas sejamos realistas: num regime neoliberal como o nosso,  sempre que os negócios não são tão rentáveis, diminui ou até desaparece a responsabilidade social. O maior inimigo da responsabilidade social é o capital especulativo. Seu objetivo é maximizar os lucros das carteiras e portofólios que controlam. Não vêem outra responsabilidade, senão a de garantir ganhos.

Mas a responsabilidade social é insuficiente, pois ela não inclui o ambiental. São poucos os que perceberam a relação do social com o ambiental. Ela é intrínseca. Todas empresas e cada um de nós vivemos no chão, não nas nuvens: respiramos, comemos, bebemos, pisamos os solos, estamos expostos à mudanças dos climas, mergulhados na natureza com sua biodiversidade, somos habitados por bilhões de bactérias e outros microorganismos. Quer dizer, estamos dentro da natureza e somos parte dela. Ela pode viver sem nós como o fez por bilhões de anos. Nós não podemos viver sem ela. Portanto, o social sem o ambiental é irreal. Ambos vêm  sempre juntos.

Isso que parece óbvio, não o é para a grande parte das pessoas. Por que excluimos a natureza? Porque somos todos antropocêntricos, quer dizer, pensamos apenas em nós próprios. A natureza é exterior, posta ao nosso bel-prazer.

Somos irresponsáveis face à natureza quando desmatamos, jogamos bilhões e litros de agrotóxicos no solo, lançamos na atmosfera, anualmente, cerca de 21 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa, contaminamos as águas, destruímos a mata ciliar, não respeitamos o declive das montanhas que podem desmoronar e matar pessoas nem observamos o curso dos rios que nas enchentes podem levar tudo de roldão.

Não interiorizamos os dados que biólogos e astrofísicos nos asseguram: Todos possuímos o mesmo alfabeto genético de base, por isso somos todos primos e irmãos e irmãs e formamos assim a comunidade de vida. Cada ser possui valor intrínseco e por isso tem direitos. Nossa democracia não pode incluir apenas os seres humanos. Sem os outros membros da comunidade de vida, não somos nada. Eles valem como novos cidadãos que devem ser incorporados na nossa compreensão de democracia que então passa a ser uma democracia sócio-ambiental. A natureza e as coisas dão-nos sinais. Elas nos chamam atenção para os eventuais riscos que podemos evitar.

Não basta a responsabilidade social, ela deve ser sócio-ambiental. É urgente que o Parlamento vote uma lei de responsabilidade sócio-ambiental imposta a todos os gestores da coisa pública. Só assim evitaremos tragédias e mortes.

(Envolverde/O autor)
© Copyleft - É livre a reprodução exclusivamente para fins não comerciais, desde que o autor e a fonte sejam citados e esta nota seja incluída


sábado, 22 de janeiro de 2011

O LIVRO - MEIO AMBIENTE E SAÚDE: O DESAFIO DAS METRÓPOLES







O Livro: Meio Ambiente e Saúde: o Desafio das Metrópoles - Dr. Paulo Saldiva




O lançamento do livro Meio Ambiente e Saúde: O Desafio das Metrópoles é mais uma ação do Projeto Observatório de Sustentabilidade Urbana para Megalópole São Paulo – Foco em Saúde.

Pela primeira vez na História há mais pessoas vivendo em cidades do que em zonas rurais. O local onde as pessoas vivem afeta a saúde e as oportunidades que elas têm para desfrutarem uma vida plena, em todo o seu potencial. Há, porém, um aspecto da relação cidade e meio ambiente raramente abordado: a qualidade de vida e a saúde dos moradores das cidades. O ser humano é o ponto fundamental e esquecido da questão ambiental nas grandes metrópoles.

Urbanização e Poluição e seus efeitos sobre a saúde são temas de preocupação mundial, lançados como um dos grandes desafios em saúde do século XXI, pela Organização Mundial de Saúde e Associação Médica Mundial. 

Fruto do amadurecimento da rica experiência de reunir profissionais e professores de diversas áreas de atuação e integrar o conhecimento acerca das questões de urbanização sob o ponto de vista da Saúde, o livro em questão propõe um novo olhar sobre o assunto, colocando o homem e a saúde humana no centro do debate sobre o meio ambiente urbano. 

O renome e qualificação dos autores confere multidisciplinaridade, relevância e qualidade à obra. 

O panorama do livro é a Região Metropolitana de São Paulo, o foco são os agravos para a saúde dos seus habitantes a partir do universo das questões ambientais da cidade. 

O livro tem caráter informador, formador e sensibilizador. Pretende ser um instrumento de consulta para os mais diversos setores da sociedade, propiciando discussões sérias e que culminem em resultados efetivos para a melhoria da saúde dos habitantes das cidades.

FILTRO DE BIOAREIA PARA ONDE NÃO HÁ ÁGUA POTÁVEL

“ÁGUA POTÁVEL E SANEAMENTO PARA TODOS?” ...PARA TODOS!


                                                                                        Ilustração: Monica M.T.Cseri
Em áreas onde não existe água tratada potável, onde as fontes são duvidosas, nas  áreas rurais ou periferias urbanas, pode-se usar um sistema de filtragem simples, barato e eficiente como o filtro de bioareia (biosandfilter) e para tratar os esgotos de maneira alternativa, usa-se leito filtrante/zona de raízes onde a água final serve para irrigação de jardins ou pomares.
O BIOSANDFILTER OU FILTRO DE BIOAREIA:
Este modelo foi criado pela Universidade de Calgary, no Canadá e implantado no Congo, provando ser um sistema seguro e inovador, fácil de ser construido, barato e eficiente na purificação da água suja - desde que livre de poluentes químicos e metais pesados - tornado-a segura para beber quando corretamente utilizado. Ideal para locais de poucos recursos, escolas, postos de saúde ...No Brasil, foi destribuido em regiões da Amazônia.
Ajuda a controlar quase todas as doenças transmitidas pela água, como a diarréia, a cólera e o tifo. Consiste em um recipiente tubular de concreto impermeabilizado de 95cm X 35cm, tendo como leito filtrante camadas de pedras, pedrisco e areia, e sobre a areia, o principal : camada de lodo com seus organismos biológicos que fazem a “limpeza” dos organismos patológicos, a “schmutzdecke” cujo “trabalho” de purificação é continuado pela areia. Por essa razão , é necessário esperar 3 semanas para que a água se torne potável, tempo para formação e ação dessa camada de lodo que não deve ser retirada e nem mexida.
MATERIAIS:
1      * manilha de cimento de 1m X 40cm ou  tambor plástico (usado para alimentos) ou fazer o filtro como descrito abaixo
2      *  tudo de PVC de 15mm de diâmetro
3      * 3 cotovelos de PVC para tubo de 15mm
4      * uma chapa difusora de metal ou cerâmica da largura interna do filtro
5      * uma camada de 40cm de areia média limpa e lavada
6       *uma camada de 5cm de cascalho pequeno ou pedrisco
7       * uma camada de 5cm de pedra pequena ou brita
Fazer um molde de metal para essas medidas externas, que se abre para retirada do filtro e que possa se utilizado  para construção de outros. Este, de formato retangular, foi construído e distribuído em regiões da Amazônia.


www.naturezadaamazonia.com.br

Para esse filtro utiliza-se:
·         ½ saco de cimento
·         2 sacos de cascalho ou pedrisco
·         1 ½ saco de areia média
Prepare a mistura, coloque no molde a camada do fundo, o tubo de  PVC para saída da água, calcule a altura das camadas de pedra e areia e 5cm acima do nível da areia faça um degrau para posicionar o difusor que é imprescindível, pois evitará o revolvimento da camada de limo  durante a entrada  da água. Após 2 dias abra o molde e remova o filtro e verifique se ficou alguma fissura ou buraco que deverá ser fechado com cimento. Pode-se utilizar uma “nata” de cimento e água para alisar e impermeabilizar as paredes do filtro (seja desse modelo ou de um feito com manilha).
COMO INSTALAR O FILTRO:
Isto é feito uma vez que o filtro estiver numa posição permanente: na  cozinha ou onde for mais adequado. Coloque uma camada de 5cm de pedras pequenas ou brita na base, seguida de uma camada de pedrisco. Depois, encha o filtro com a areia lavada  (4cm) até chegar a exatamente 5cm abaixo do nível da chapa difusora. Apóie a chapa difusora sobre a pequena borda. Encha o filtro com água. Tampe-o. A chapa difusora deve sempre ser mantida no lugar ao se despejar a água LENTAMENTE e DIARIAMENTE.Porém o  filtro ainda não estará pronto para ser usado. Espere que se forme a camadinha de lodo, a scmutzdecke, o que levará umas 3 semanas. Enquanto isso, a água deverá ser fervida para consumo ou desinfetada ao sol dentro de garrafas pet transparentes.
Depois de três semanas, a água estará potável – os testes mostraram que 99% dos micróbios e contaminantes são eliminados. Simplesmente despeje a água dentro do filtro e recolha-a através do tubo (bica), em recipientes limpos. O filtro tem capacidade para 20 litros de água. Depois de encher o filtro, a água precisará ser recolhida num recipiente limpo. Normalmente, leva um minuto para filtrar um litro de água, assim, levará 20 minutos para que o conteúdo de um balde de 20 litros passe pelo filtro. O filtro pode ser utilizado com tanta freqüência quanto necessária. Onde há água encandada, colocar o filtro sob uma torneira e deixar filtrar a quantidade desejada.
MANUTENÇÃO DO FILTRO
As pessoas que usarem o filtro devem receber informações claras sobre a sua utilização e manutenção. A manutenção é muito simples e não custa nada. Há apenas algumas coisas que devem ser lembradas:
·                     Se não for despejada água no filtro todos os dias, a schmutzdecke pode perder muito da sua eficácia.
·                     Não se deve permitir que as crianças e os animais toquem o tubo (bica), para que permaneça limpo.
·                     Não se deve bater no filtro ou movê-lo.
·                     A chapa difusora deve ficar sempre no lugar, quando a água for despejada , para evitar que a schmutzdecke se danifique.
·                     Com o tempo, a schmutzdecke pode se tornar muito grossa, fazendo com que a água leve muito tempo para passar pelo filtro. Se isto acontecer, há duas opções:
MEXER LEVEMENTE – tampe a saída e encha o filtro com água. Mexa a água levemente e devagar com a mão limpa. Não mexa muito rápido, para que a areia não saia do lugar. Retire a água turva com uma caneca tomando cuidado para não tocar a areia. Você pode repetir isto algumas vezes, até que a água não fique mais suja ao ser mexida. Desbloqueie o tubo e permita que a água passe pelo filtro como de costume. Ela estará segura para beber quase imediatamente.
LIMPAR COMPLETAMENTE-  retire cuidadosamente uma camada de 2–5 cm de areia do topo, lave-a e coloque-a de volta, caso  mexer levemente não fizer com que a água volte a fluir bem - método não  recomendado, pois  perturba a schmutzdecke -  é muito importante esperar três semanas antes de usar a água novamente, para ter certeza de que esteja potável.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

O PREÇO DE NÃO ESCUTAR A NATUREZA

18/01/2011 - 10h01
O preço de não escutar a natureza
Por Leonardo Boff*

Só controlamos a natureza na medida em que lhe obedecemos e soubermos escutar suas mensagens e ler seus sinais.

O cataclisma ambiental, social e humano que se abateu sobre as três cidades serranas do estado do Rio de Janeiro, Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo, na segunda semana de janeiro, com centenas de mortos, destruição de regiões inteiras e um incomensurável sofrimento dos que perderam familiares, casas e todos os haveres tem como causa mais imediata as chuvas torrenciais, próprias do verão, a configuração geofísica das montanhas, com pouca capa de solo sobre o qual cresce exuberante floresta subtropical, assentada sobre imensas rochas lisas que por causa da infiltração das águas e o peso da vegetação provocam frequentemente deslizamentos fatais.

Culpam-se pessoas que ocuparam áreas de risco, incriminam-se políticos corruptos que distribuíram terrenos perigosos a pobres, critica-se o poder público que se mostrou leniente e não fez obras de prevenção, por não serem visíveis e não angariarem votos. Nisso tudo há muita verdade. Mas nisso não reside a causa principal desta tragédia avassaladora.

A causa principal deriva do modo como costumamos tratar a natureza. Ela é generosa para conosco, pois nos oferece tudo o que precisamos para viver. Mas nós, em contrapartida, a consideramos como um objeto qualquer, entregue ao nosso bel-prazer, sem nenhum sentido de responsabilidade pela sua preservação, nem lhe damos alguma retribuição. Ao contrario, tratamo-la com violência, depredamo-la, arrancando tudo o que podemos dela para nosso benefício. E ainda a transformamos numa imensa lixeira de nossos dejetos.

Pior ainda: nós não conhecemos sua natureza e sua história. Somos analfabetos e ignorantes da história que se realizou nos nossos lugares no percurso de milhares e milhares de anos. Não nos preocupamos em conhecer a flora e a fauna, as montanhas, os rios, as paisagens, as pessoas significativas que ai viveram, artistas, poetas, governantes, sábios e construtores.

Somos, em grande parte, ainda devedores do espírito científico moderno que identifica a realidade com seus aspectos meramente materiais e mecanicistas sem incluir nela a vida, a consciência e a comunhão íntima com as coisas que os poetas, músicos e artistas nos evocam em suas magníficas obras. O universo e a natureza possuem história. Ela está sendo contada pelas estrelas, pela Terra, pelo afloramento e elevação das montanhas, pelos animais, pelas florestas e pelos rios. Nossa tarefa é saber escutar e interpretar as mensagens que eles nos mandam. Os povos originários sabiam captar cada movimento das nuvens, o sentido dos ventos e sabiam quando vinham ou não trombas d’água. Chico Mendes com quem participei de longas penetrações na floresta amazônica do Acre sabia interpretar cada ruído da selva, ler sinais da passagem de onças nas folhas do chão e, com o ouvido colado ao chão, sabia a direção em que ia a manada de perigosos porcos selvagens. Nós desaprendemos tudo isso. Com o recurso das ciências lemos a história inscrita nas camadas de cada ser. Mas esse conhecimento não entrou nos currículos escolares nem se transformou em cultura geral. Antes, virou técnica para dominar a natureza e acumular.

No caso das cidades serranas: é natural que haja chuvas torrenciais no verão. Sempre podem ocorrer desmoronamentos de encostas. Sabemos que já se instalou o aquecimento global que torna os eventos extremos mais freqüentes e mais densos. Conhecemos os vales profundos e os riachos que correm neles. Mas não escutamos a mensagem que eles nos enviam que é: não construir casas nas encostas; não morar perto do rio e preservar zelosamente a mata ciliar. O rio possui dois leitos: um normal, menor, pelo qual fluem as águas correntes e outro maior que dá vazão às grandes águas das chuvas torrenciais. Nesta parte não se pode construir e morar.

Estamos pagando alto preço pelo nosso descaso e pela dizimação da mata atlântica que equilibrava o regime das chuvas. O que se impõe agora é escutar a natureza e fazer obras preventivas que respeitem o modo de ser de cada encosta, de cada vale e de cada rio.

Só controlamos a natureza na medida em que lhe obedecemos e soubermos escutar suas mensagens e ler seus sinais. Caso contrário teremos que contar com tragédias fatais evitáveis.

*Leonardo Boff é filósofo e teólogo.


(Envolverde/Brasil de Fato)
© Copyleft - É livre a reprodução exclusivamente para fins não comerciais, desde que o autor e a fonte sejam citados e esta nota seja incluída.

DESIDRATAÇÃO DE FRUTAS E LEGUMES COM SECADOR SOLAR



DESIDRATADOR SOLAR PARA FRUTAS E LEGUMES

Por Sabina Cseri


Pode-se desidratar frutas e legumes em casa, no quintal, onde houver sol durante o dia todo. O modelo apresentado é leve e pode ser deslocado de um local para outro em busca do sol em locais menores.
Este processo permite que o sabor e a qualidade nutricional sejam mantidos sem adição de açúcar por osmose como nos pocessos industriais e, se corretamente preparados, podem durar até 2 anos, sem perder sabor, guardados em potes de vidro previamente esterilizados. Em casa, o mamão desidratado durou 1 ano, sem nenhuma alteração no sabor, com o pote sendo ocasionalmente aberto para uma beliscada, já que não era a fruta preferida.
Para as dietas vegetarianas, os alimentos desidratados são uma valiosa fonte de nutrientes, mas devem ser consumidos em menor quantidade que os frescos e bem mastigados para que se reidratem e sejam devidamente absorvidos pelo organismo.
‘Os alimentos secados ao sol passam por um processo de energização, são recomendados para períodos de restabelecimento físico mas não se deve abusar deles para não sobrecarregar o organismo (Figueira).’
Deve-se utilizar frutas levemente maduras, sem ferimentos, fungos ou esmagamentos. Para os produtores rurais, as frutas que não atingem tamanho ou formato adequado para comercialização, a desidratação é uma excelente alternativa. Agrega valor ao produto que seria descartado ou vendido muito abaixo do custo de produção.
MATERIAL PARA UM SECADOR SOLAR DOMÉSTICO
- 3 placas de isopor de 3cm de espessura de 1,00X0,50
- 3 tubinhos de cola para isopor
- 1 rolo de papel alumínio
- 1m de tela de nylon fina
- 1 pincel trincha de uns 3 cm para pincelar a cola
- uma moldura de madeira de 0,44X0,94m
- 200g de pregos torcidos de 18X27mm (telheiro onda 24) para fixar melhor cada parte junto com cola
- 1 grampeador para madeira, para grampear a tela esticada na moldura
- 1 vidro de 3mm de 0,55X1,10m lapidado nas bordas
1 placa de isopor servirá para o fundo. Corte a 2ª placa ao meio longitudinalmete para servirem de laterais e corte 2 pedaços de 0,25 por 0,50 da terceira placa para as laterais menores. Nestas, faça uma abertura horizontal de 30cm por 4cm de altura a uns 3 cm da borda inferior em uma e da borda superio da outra. Revestir toda a parte interna com o papel alumínio. Este modelo deve ficar sobre um cavalete ou mesinhas, longe da superfície do solo.

A bandeja de tela deve ficar entre a abertura de baixo e a abertura de cima

FRUTAS
As frutas a serem desidratadas devem ser previamente bem lavadas.
BANANAS: descascar e cortar longitudinalmente. Colocar sobre a bandeja com a parte do corte para cima, todas paralelas. Depois de seco, vira-se o lado de cima para baixo. Tempo no desidratador: uns 3 a 4 dias com sol constante
BANANAS VERDES: cortar em rodelas e depois de secas triturar para farinha
MAÇÃS: descascar e cortar em rodelas ou fatias. Acasca pode ser desidratada e usada para chá (seca em 1 dia e meio)
CAQUI: cortar o caqui duro em quartos ou 8 se for grande, tirar uma tira da casca do centro ou das laterais e colocar para secar como barquinhos (seca em 4, 5 dias)
MANGA: descascar no sentido do cabinho para baixo e fatiar
CARAMBOLA: cortar em fatias formando estrelinhas
MAMÃO: descascar, tirar as sementes e cortar em fatias. Depois de secar um lado, virar o outro lado para cima.
ABACAXI: descascar, cortar em rodelas com menos de 1cm, retirar a parte central redonda e desidratá-la à parte para ser usada como “chiclete”.
GOIABA: cortar a fruta em 4, tirar as sementes e cortar as partes em palitos finos que podem ser triturados após secos para produzir farinha. Para consumir é necessário reidratar. Fica muito dura.
PERA: o mesmo como a maçã
UVA : é a mais demorada para secar. Antes de iniciar o processo de desidratação, cada grão inchará. Antes de levar ao desidratador, lavar, debulhar do cacho e deixar de molho por 15 min em 1L de água com suco de 2 limões.
FRUTAS BATIDAS:
Pode-se desidratar frutas batidas no liquidificador, qdo um pouco mais maduras, como banana com mamão, banana e maçã, banana e abacaxi, mamão e goiaba, mamão e uva (2/3 de mamão para 1/3 de uva ou goiaba). Bater uma dessas misturas no liquidificador com um pouco de água. Forrar uma forma baixa retangular com filmito, colocar uma camada máxima de 1cm e depositar no fundo do secador sem a tela. Com sol quente constante em 3 dias estará pronta (qdo se soltar com facilidade do filmito)
De manhã, ou sempre que necessário, levantar o vidro e deixar escorrer a água condensada e recolocar. Levantar apenas para deixar escorrer.
Problemas: como o aroma exalado durante o processo é irresistível, quem passar por perto não vai resistir e beliscar, e no final pode restar pouco...
LEGUMES
Devem estar frescos e sadios e é preciso dispensar os mesmos cuidados que com as frutas.
Os que crescem sob a terra como a beterraba, cenoura, nabo, batatas, inhame e etc, devem ser descascados qdo não forem de plantio orgânico. Devem ser cortados em rodelas.
PIMENTÃO: tirar a “tampa” com as sementes e fatiar em tiras ou rodelas
CHUCHU, CENOURA, BETERRABA E BATATA (descascadas): lavar e cortar em rodelas finas ou palitos no ralador. Ideal para transformar em pó.
CEBOLA: cortar em rodelas
BERINJELA: cortar em rodelas
As frutas e legumes estão prontos quando bem sequinhos, como biscoito, para longo armazenamento. Para consumo em alguns meses, no caso das frutas, pode-se deixar com o interior macio. Depois de prontas, devem ser recolhidas após algumas horas de sol, ainda quentes, colocadas em pote de vidro estéril cuja boca deverá ser coberta com um pano preso com elástico até que estejam totalmete frias antes de fechar com a tampa. O ideal é utilizar produtos dá época e armazenar. Folhas devem ser secas à sombra em outro sistema.
O secador pode ficar no tempo em áreas rurais. Se chover ou estiver muito úmido, cobrir tudo com um plástico trasparente. Nas áreas urbanas, é bom recolher para que não seja levado embora.
O vidro do secador simples, deve ficar preso com elásticos ou tira de borracha.
Para um secador maior, o ideal é que seja construído em madeira, pode ser revestido com isopor e alumínio ou usar a manta de alumínio que se usa para forrar telhados. A madeira externa evita quedas bruscas na temperatura interna.
antes de usar e de tempos em tempos deverá ser desinfetado com solução de água e cloro e a tela lavada, pois sempre ficará resíduo grudado.

Criador destes modelos: Silvinho

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Palmito Juçara - como coletar sementes e formas de plantio

                                            
PALMITO JUÇARA : Euterpe edulis Martius
ÁREA DE OCORRÊNCIA NATURAL: Floresta Ombrófila Densa, Florestas Estacionas (do Rio Grande do sul até o sul da Bahia)

Orientações para coleta de sementes de palmiteiro:

 * a época de frutificação ocorre entre abril e outubro;
 * escolher a matriz pela aparência forte e sadia da planta;
 * dar preferência às plantas de matrizes com mais de um cacho;
 * colher os frutos de pelo menos 10 plantas por hectare;
 * não colher de duas plantas seguidas muito próximas;
 * colher apenas frutos maduros de coloração roxa ou preta;
 * não colher as sementes do chão;
 * misturar as sementes de matrizes diferentes;
 * manter os frutos à sombra para não perderem a umidade;
 * a extração da semente se dá por lavagem e maceração do fruto para retirada da polpa que a envolve;   (para grandes quantidades existem despolpadores industriais e para pequenas quantidades deve-se deixar os frutos em sacos plásticos com água. Após dois dias, colocar os frutos em caixa plástica (tipo K) e pisoteá-las calçando botas de borracha.)
 * colocar as sementes lavadas em uma peneira para secar à sombra, em ambiente ventilado;

FORMAS DE PLANTIO

Semeadura a lanço: consiste em lançar sementes em toda a área, em floresta secundária (15kg/área) por ano, durante 5 anos. Método eficiente e de baixo custo, porém exige maior quantidade de sementes pois a perda é maior.
Semeadura direta ou em covas: colocar a semente com o uso de  um chuço utilizando 4 sementes/m² a     2 - 3 cm de profundidade. Tem a vantagem de menor consumo e maior aproveitamento de sementes por área.
Plantio por mudas: formar mudas em viveiro para posterior plantio. Recomenda-se o plantio de 1.000 mudas/hectare e 800 sementes/kg com 30% de aproveitamento. O consumo será de 4kg de semente/ha. Vantagens: reduzido consumo de sementes e elevada sobrevivência de mudas se forem plantadas em época apropriada. Desvantagem: necessidade de instalação de viveiro e custo com transporte, aquisição de embalagens, mão de obra mais intensiva, maior intervenção na vegetação, implicando em um custo final mais elevado na fase de implantação.

 Informações: Domingos Bernardi Neto - Biólogo


(fonte: Cartilha Recursos Florestais da Mata Atlântica, Manejo Sustentável e Certificação- publicação do conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica e parceiros)

domingo, 16 de janeiro de 2011

RESPEITO A TODO SER, À MÃE TERRA

Por Leonardo Boff


Se reconhecermos, como os povos originários e muitos cientistas modernos, que a Terra é Gaia, Mãe generosa, geradora de toda vida, então devemos a ela o mesmo respeito e veneração que devotamos às nossas mães. Em grande parte, a crise ecológica mundial deriva da sistemática falta de respeito para com a natureza e a Terra.

O respeito implica reconhecer que cada ser vale por si mesmo, porque simplesmente existe e, ao existir, expressa algo do Ser e daquela Fonte originária de energia e de virtualidades da qual todos provém e para a qual todos retornam (vácuo quântico). Numa perspectiva religiosa, cada ser expressa o próprio Criador.

Ao captarmos os seres como valor intrínseco, surge em nós o sentimento de cuidado e de responsabilidade para com eles a fim de que possam continuar a ser a a coevoluir.

As culturas originárias atestam a veneração face à majestade do universo, o respeito pela natureza e para cada um de seus representantes.

O budismo que não se apresenta como uma fé mas como uma sabedoria, um caminho de vida em harmonia com o Todo, ensina a ter um profundo respeito, especialmente, por aquele que sofre (compaixão). Desenvolveu o Feng Shuy que é a arte de harmonizar a casa e a si mesmo com todos os elementos da natureza e com o Tao.

O Cristianismo conhece a figura exemplar de São Francisco de Assis (1181-1226). Seu mais antigo biógrafo, Tomás de Celano (1229) testemunha que andava com respeito por sobre as pedras em atenção daquele, Cristo, que foi chamado de “pedra”; recolhia com carinho as lesmas para não serem pisadas; no inverno, dava água doce às abelhas para não morrerem de frio e de fome.

Aqui temos a ver com um outro modo de habitar o mundo, junto com as coisas convivendo com elas e não sobre as coisas dominando-as.

Extremamente atual é a figura do humanista Albert Schweitzer (1875-1965). Elaborou grandiosa ética do respeito a todo o ser e à vida em todas as suas formas. Era um grande exegeta e famoso concertista das músicas de Bach. Num momento de sua vida, largou tudo, estudou medicina e foi servir hansenianos em Lambarene no Gabão.

Diz explicitamente, numa carta, que “o que precisamos não é enviar para lá missionários que queiram converter os africanos, mas pessoas que se disponham a fazer para os pobres o que deve ser feito, caso o Sermão da Montanha e as palavras de Jesus possuam algum valor. Se o Cristianismo não realizar isso, perdeu seu sentido”.

Em seu hospital no interior da floresta tropical, em Lambarene, entre um atendimento e outro, escreveu vários livros sobre a ética do respeito, sendo o principal este: O respeito diante da vida (Ehrfurcht vor dem Leben).

Bem diz ele:”a idéia-chave do bem consiste em conservar a vida, desenvolvê-la e elevá-la ao seu máximo valor; o mal consiste em destruir a vida, prejudicá-la e impedi-la de se desenvolver. Este é o princípio necessário, universal e absoluto da ética”.

Para ele, o limite das éticas vigentes consiste em se concentrarem apenas nos comportamentos humanos e esquecerem as outras formas de vida. Numa palavra: “a ética é a responsabilidade ilimitada por tudo que existe e vive”

Dai se derivam comportamentos de grande compaixão e cuidado. Numa prédica conclamava: “Mantenha teus olhos abertos para não perder a ocasião de ser um salvador. Não passe ao largo, inconsciente, do pequeno inseto que se debate na água e que corre risco de se afogar. Tome um pauzinho e retire-o da água, enxugue-lhe as asinhas e experimente a maravilha de ter salvo uma vida e a felicidade de ter agido a cargo e em nome do Todo-poderoso. A minhoca que se perdeu na estrada dura e seca e que não pode fazer o seu buraco, retire-a e coloque-a no meio da grama. ‘O que fizerdes a um desses mais pequenos foi a mim que o fizestes’. Esta palavra de Jesus não vale apenas para nós humanos mas também para as mais pequenas das criaturas”.

Essa ética do respeito é categórica no momento atual em que a Mãe Terra se encontra sob perigoso estresse.

Leonardo Boff é autor de Convivência, Respeito, Tolerância, Vozes 2006.

SOBRE AGROFLORESTA E SISTEMA SILVOPASTORIL


“ A FLORESTA ANTECEDE OS POVOS E O DESERTO OS SEGUE...”

(François Chateaubriand -1768 – 1848)

O que é Sistema Agroflorestal (SAF)?

É uma prática antiga que já foi muito utilizada por comunidades tradicionais em várias partes do mundo, e na Ásia e América do Sul há mais de mil anos. A definição adotada pelo “International Center for Research in Agroforesty (ICRAF) é o mesmo adotado pelo código Florestal Brasileiro: “Sistema Agroflorestal é um nome coletivo para sistemas e tecnologias de uso da terra com cultivares agrícolas e/ou animais em alguma forma de arranjo espacial e sequência temporal”- Resolução da Secretaria do Meio Ambiente (SMA)-44, de 30-06-2008, Resolução CONAMA 369/2006.

Podem ser sistemas simples como o consórcio de espécies agrícolas com arbóreas de pouca diversidade de espécies e mais complexos como ecossistemas florestais com dinâmica e diversidade similar às florestas naturais, com uma determinada porcentagem de exóticas, cujo objetivo é restaurar a vida no local, sendo este sistema o de maiores chances de apresentar bons resultados.

A restauração de ecossistemas degradados vem tomando crescente importância diante de um quadro de crise ambiental cada vez mais drástico, afetando a qualidade de vida de TODAS as comunidades de vida deste maravilhoso e maltratado planeta. A derrubada das florestas para o domínio das monoculturas e pastagens deixando o solo nu, exposto a intenso processo erosivo, zonas ripárias sem vegetação provocando assoreamento e contaminação dos rios e lagos,extinção de nascentes, pequenos fragmentos florestais isolados e permanentemente perturbados pelas atividades humanas, são modelo insustentável com graves conseqüências ambientais cada vez mais intensas: a erosão, e a desertificação como uma das principais causas do aquecimento global: retém o calor, a absorção da água pelo solo é mínima e a evaporação altíssima sem retenção da umidade e nenhuma captura de CO².

Desde o início da história das civilizações, quando os povos começaram a utilizar a madeira para construções habitacionais e náuticas, para forjar metais e outros fins, a floresta representava abundância, desenvolvimento e poder. Com a extinção das florestas e solos exauridos, a constante ameaça da fome levou impérios ao declínio, como por exemplo Roma no séc.IV d.C., que era financiada pela prata extraída na Espanha, cuja fundição sacrificou enormes reservas florestais ibéricas... E qualquer um com um mínimo de bom senso pode ver que a humanidade não se cansa de repetir os mesmos erros, principalmente nesse país, onde se retorna com força total ao mesmo modelo predador e insustentável do período colonial: enormes monoculturas apenas com o fim de exportação e lucro sem o mínimo respeito a o que resta de importantes ecossitemas e da nossa preciosa biodiversidade.

Recuperar áreas degradadas e improdutivas por meio do sistema de agrofloresta , imitando a sucessão natural num processo mais acelerado, tem mostrado excelentes resultados, reduzindo custos com compensação financeira a curto e médio prazo através de seus produtos agrícolas e florestais orgânicos e saudáveis, formando um agroecossistema sustentável, nas pequenas propriedades rurais, já difundido por todo o país, embora de maneira pontual.

Percebe-se, entre os proprietários rurais, uma relutância em deixar ou manter áreas florestadas, áreas de APP, mesmo que somente para fornecer sombra e abrigo aos seus animais e proteção aos mananciais, porque acreditam estar perdendo áreas produtivas. Para estes, uma alternativa inteligente a ser adotada é o sistema agrosilvopastoril onde se combinam no mesmo espaço plantas forrageiras (gramíneas) e leguminosas (rasteiras e arbustivas) e árvores junto com a produção agrícola e pecuária produzindo alimentos, água, serviços ambientais e energia de biomassa. Os poucos a introduzir esse sistema parecem bem satisfeitos, ao contrário do que afirmam alguns que acreditam ser inviável porque acham que se trata de plantar “dentro” de florestas e não em consórcio com estas.

A utilização de árvores junto aos cultivares agrícolas e/ou pastagens, tem a função estratégica de: reduzir a insolação direta sobre o solo protegendo sua vida biológica e aumentando sua diversidade; proteger do impacto direto das gotas de chuva sobre o solo que causam compactação e erosão e auxiliar na infiltração da água para o subsolo alimentando os lençóis freáticos; trazer para a superfície nutrientes das camadas mais profundas; reduzir o efeito negativo do vento que leva embora a umidade, portanto reter a umidade; promover constantemente matéria orgânica no solo, tornando desnecessária a utilização de adubação química; adicionar nitrogênio por fixação biológica e finalmente promover a biodiversidade devolvendo vida para o local.

Para quem quer ir mais fundo, “Apostila do Educador Agroflorestal”– Projeto Arboreto/Parque Zoobotânico/ Universidade Federal do Acre – PENEIREIRO, Fabiana Mongeli et al.

Site: www.agrofloresta.net

http://agroflorestador.blogspot.com

Sabina Cseri