sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Kaká Werá: AS QUATRO ECOLOGIAS

Kaká Werá: AS QUATRO ECOLOGIAS: Olhando a história do ser humano na Terra, constata-se o quanto ele é nocivo á natureza e consequentemente á todos os reinos de vida.. Exist...

segunda-feira, 6 de junho de 2011

terça-feira, 19 de abril de 2011

Ayurvedicamente: Comer e beber consciente

Ayurvedicamente: Comer e beber consciente: "Comemos muito inconscientemente, automaticamente, como um robô. Se o sabor não for vivido, você estará apenas empanturrando-se. Vá devagar e..."

sábado, 9 de abril de 2011

INOCULANTES - A BIOTECNOLOGIA A SERVIÇO DA NATUREZA PARA UMA AGRICULTURA DE BAIXO CARBONO

Inoculante é todo produto que contenha microorganismos favoráveis ao crescimento da planta. os inoculantes são  parte fundamental da agricultura de baixo carbono resultando num aumento de produtividade com menor dispêndio  de energia. No caso , as bactérias fixadoras de nitrogênio.
A fixação de Nitrogênio é o processo pelo qual este elemento passa da forma molecular - como se encontra na atmosfera - para a forma química, orgânica ou inorgânica, disponível para organismos. Assim, tanto o processo químico como os processos biológicos são formas de fixar nitrogênio (N).
Na natureza existe um número ainda não determinado de microorganismos  capazes de fixar o nitrogênio, em sua maioria oriundos  do solo, que realizam esse processo e o incorporam ao solo.  A grande maioria dos estudos sobre fixação  é sobre bactérias, mas existem também algas (Asola) e alguns fungos que também podem fixar  N, mas sob condições muito específicas.
As bactérias fixadoras podem ser classificados em 3 categorias:
- de vida livre não associativos
-de vida livre associativos
-simbióticas


De vida livre não associativa: vivem de forma livre no solo e algumas na água, mais ou menos dependentes de cultura vegetal e das condições do solo. Ocorrem com mais intensidade em solos com elevado teor de matéria orgânica, onde encontram grande quantidade de nutrientes. Possuem a enzima NITROGENASE em seu corpo, fixam o N para formar suas proteínas e depois o liberam para o solo. Os principais tipos de gênero são: 
_Azotobacter ( figura )


_Derxia
_Beijerinckia
_Clostidium ( anaeróbias)


De vida associativa: podem viver livremente no solo, mas também se associam com raízes de várias plantas, alojando-se nas camadas superficiais das raízes, fixando N e transferindo parte deste para a planta. Atualmente são objeto de muito estudo para uso em gramíneas como o milho, trigo, arroz e cana, através de inoculantes. Além da fixação do N essas bactérias tem maior ou menor grau de estimular o enraizamento das plantas pela produção de hormônio de crescimento. Os principais gêneros são:
_Azotobacter (A. paspali)
_Azospirillum
_Burkholderia
_Glucanoacetobacter


Simbióticas: estas bactérias formam sistemas simbióticos com plantas somente da família das leguminosas, criando novas estruturas - nódulos - onde será gerada a enzima nitrogenase e um complexo sistema bioquímico. Esta enzima não existe nem na bactéria e nem na planta - só será formada dentro da nova estrutura. No interior do nódulo ocorre a transformação do N molecular - aportado pela solução do ar no solo - em amônia, que sofre diversas transformações e se deslocará através da seiva para a parte aérea da planta. Por sua vez, a bactéria irá se nutrir de carboidratos aportados pela planta, formando um típico sistema simbiótico. São do gênero Rhizóbium
.
A inoculação além de aumentar a produtividade nas leguminosas, economiza no nitrogênio da cultura sucessiva seja de milho, trigo, arroz ou outra, e segundo pesquisas o N mineral é totalmente dispensável quando se faz uma boa inoculação, e dependendo do uso , o N mineral pode até prejudicar a formação de nódulos fixadores de N molecular.
 O uso de inoculantes reduz consideravelmente o custo do  plantio de uma lavoura -  inoculante : R$ 5,00 por ha  e uréia R$ 500,00 por ha... sendo 100g de inoculante por saca de 50kg de semente. Poupa o solo e as águas da contaminação por nitratos.
 Exige um solo equilibrado e o uso de fungicidas, no caso de plantio convencional, deve ser compatível com o inoculante. 


 vide fonte: www.anpii.org.br   com curso disponível e mais informações  no site       www.cnpso.embrapa.br

sexta-feira, 1 de abril de 2011

POLUIÇÃO SONORA É CRIME AMBIENTAL



Quando se fala em "conforto ambiental", dentre todos os aspectos, a qualidade sonora é a que tem levado menos atenção. Como as pessoas se habituam a ela, acreditam não sofrer mais com seus efeitos. Segundo especialistas na área da saúde, ruídos elevados causam, além de surdez, dilatação das pupilas, aumento dos batimentos cardíacos, contração dos músculos, vertigens, dores de estômago, redução da visão, tensão emocional, dificuldades respiratórias, insônia, nervosismo, estresse, e sintomas secundários como aumento da pressão arterial, envelhecimento prematuro , paralização do estômago e intestinos, má irrigação da pele e até impotência sexual...  além de deixar a pessoa viciada em sons... 


"É importante esclarecer que a poluição sonora não é, ao contrário do que pode parecer, um mero problema de desconforto acústico. O ruído passou a constituir atualmente um dos principais  problemas ambientais dos grandes centros urbanos e, eminentemente, uma preocupação com a saúde pública. Estudos  médicos comprovam os malefícios causados à saúde pela poluição sonora. Além disso a poluição sonora ofende o meio ambiente e consequentemente afeta o interesse difuso e coletivo, a medida que os sons excessivos de ruídos e sons causam deterioração da qualidade de vida, na relação entre as pessoas, sobretudo quando acima dos limites suportáveis pelo ouvido humano ou prejudiciais ao repouso noturno e ao sossego público..." (Jus navegandi)
Para a OMS -Organização Mundial da Saúde - a poluição sonora passou a ser uma das  três prioridades ecológicas desta década, uma vez constatado após aprofundados estudos que o som acima de 70 decibéis,  causa dano à saúde.



Os problemas relativos aos níveis excessivos de ruídos estão incluídos aos sujeitos ao controle da poluição ambiental, cuja normatização e estabelecimento de padrões compatíveis com um meio ambiente equilibrado e necessário à sadia  qualidade de vida é atribuída ao CONAMA de acordo com o que dispõe o inciso II do artigo 6º da Lei 6.938/81 e artigo 54 da Lei 9.605/98...
                                                  





OS RUÍDOS E A SAÚDE

 INTENSIDADE em decibéis (dB)
REAÇÃO
EFEITOS NEGATIVOS
LOCAIS
 Até 50 dB
Confortável (limite da  OMS)
nenhum
Ambientes livres e sem tráfego
Acima de 50dB
O organismo humano passa a sofrer impactos do ruído


De 55 a 65 dB
A pessoa fica em estado de alerta, não relaxa
Diminui o poder de concentração e prejudica a produtividade no trabalho intelectual
Agências bancárias em horário comercial
De 65 a 70 dB
O organismo reage para tentar se adequar ao ambiente, minando as defesas
Aumenta o nível de cortisona no sangue diminuindo a resistência imunológica. Induz a liberação de endorfinas tornando o organismo dependente. Com isso as pessoas não conseguem dormir sem som ligado ou permanecer sem ele. Aumenta a concentração de colesterol no sangue
Bares , restaurantes lotados...
Acima de 70
O organismo fica sujeito a estresse degenerativo além de abalar a saúde mental
Aumentam os riscos de infarto, infecções, entre outras doenças
Praças de alimentação em shoping center, ruas de tráfego intenso...




Fontes: Jus Navigandi e Atividades Interdisciplinares de Educação Ambiental- Genebaldo 
Freire Dias

quinta-feira, 31 de março de 2011

CRISE FINANCEIRA POUCO AFETA SETORES DA ENERGIA LIMPA

31/03/2011 - 10h03
G20 investe mais em energias renováveis
Por Sérgio Abranches, do Ecopolítica*

Quando a crise financeira atingiu os investimentos, ela afetou muito menos o setor de energia limpa. Na Ásia e na Europa, eles apenas cresceram menos em 2009. Caíram nas Américas, mas muito menos do que os outros investimentos. E no EUA, foram o foco do programa de estímulo econômico.

Em 2010, esses investimentos cresceram fortemente em todas as regiões do mundo. É o que mostra a pesquisa do PEW Centerhttp://www.pewenvironment.org/news-room/other-resources/investing-in-clean-power-329295 sobre os investimentos em energia limpa nos países do G-20.

Eles cresceram 30% em 2010, em relação a 2009, atingindo US$ 243 bilhões. O G20 respondeu por mais de 90% do total global. Perto de 20% do total investido foi destinado a P&D, isto, desenvolvimento de novas tecnologias, o que indica a entrada de novas alternativas tecnológicas para geração de energia limpa no mercado em breve.

As duas tecnologias preferidas pelos investidores foram eólica e solar, que concentraram 72% do total investido em instalação de nova capacidade. Os investimentos em novos parques eólicos cresceram 34%, chegando a US$ 95 bilhões. Está havendo uma clara aceleração no lançamento de projetos eólicos: um terço dos novos investimentos foi registrado no último trimestre de 2010. As inversões em energia solar cresceram mais fortemente ainda, aumentando 53% e atingindo US$ 79 bilhões.

A maior parcela desse esforço de investimento ocorreu na Europa, com 39% do total, batendo em US$ 94.4 bilhões. Perto de 44% dos investimentos foram na Alemanha, totalizando US$41.4 bilhões. A Itália também se destacou, investindo US$ 13.9 bilhões, 15% do total. Houve forte incremento em aplicações residenciais – particularmente instalação de painéis de geração solar fotovoltaica – e pequenos projetos, um indicativo de maior descentralização das soluções energéticas.

Na Ásia houve crescimento de 33%, alcançando US$ 82.8 bilhões, 35% do total investido. A China, claro, aparece com destaque, com crescimento superior à média da região, de 39%, e um volume de US$ 54.4 bilhões, em 2010, 22% do total global e 66% do movimento na Ásia.

Nas Américas, o volume de investimento em energias limpas chegou a US$ 65.8 bilhões, representando 27% do total. O EUA apresentou uma taxa de crescimento fortíssima, de 51%, bem maior que da China, embora tenha sido superado por ela em volume, chegando a US34 bilhões. Esse volume é 14% do total global e 52% do investimento nas Américas. Nesta região, os maiores crescimentos foram na Argentina (568%) e no México (273%). No Brasil, houve ligeiro declínio do investimento em energias limpas de – 1,3%, fechando o ano com US$ 7.6 bilhões, 11,5% do total da região e meros 3% do total global.

A política de investimentos no Brasil chama atenção, também, por ter um perfil diferente da tendência global. Ele se concentra hidreletricidade, biomassa e biocombustíveis, com participação crescente, mas modesta de eólica. No resto do mundo, o investimento em biocombustíveis foi o mais baixo desde 2005, segundo o PEW Center refletindo o fato de que a capacidade de produção de biocombustíveis de primeira geração excede a demanda em vários mercados-chave e os biocombustíveis de segunda geração, mais promissores, ainda não tiveram progresso suficiente para chegar à escala comercial de porte. Solar e eólica, como se viu, são os setores líderes.

Um dos fatores por trás dessa retomada forte dos investimentos em energia limpa foi a alocação pelos governos de vários países dos recursos destinados à retomada da economia a setores da “economia verde”, com prioridade para as energias limpas novas, como eólica e solar. Esse foi, por exemplo, o caso do EUA, em que essas inversões buscando uma retomada “verde” da economia estão dando frutos importantes e gerando muito emprego.http://www.riskcenter.com/story.php?id=99912485

*Publicado originalmente no site Ecopolítica - http://www.ecopolitica.com.br/2011/03/30/g20-investe-mais-em-energias-renovaveis/



(Envolverde/Ecopolítica)
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Yoga Pela Paz: Vegetarianismo

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terça-feira, 29 de março de 2011

segunda-feira, 28 de março de 2011

Kaká Werá: Reconciliar com o Céu e a Terra

Kaká Werá: Reconciliar com o Céu e a Terra: "Existe um texto sagrado de um mestre japonês, Masaharu Taniguchi, cujas frases iniciais são: 'reconcilia-te com todas as forças do Céu e da ..."

terça-feira, 22 de março de 2011

CAPTAÇÃO DE ÁGUA DE CHUVA E REÚSO DA ÁGUA

22/03/2011 - 10h03
Água: Reaproveitar e usar bem é bom para todos
Por Paulo Costa*

Relação entre a água e as cidades é crucial.

A sociedade brasileira possui, como forte traço cultural, a dificuldade de planejar e poupar recursos, econômicos e naturais, traço esse que costuma trazer dificuldades ao país, no futuro. Isto também ocorre quando está em questão um bem natural cada vez mais escasso, a água: utilizá-la de forma racional e implementar medidas legais visando a estimular a captação das águas das chuvas são ações que trazem forte impacto positivo, econômico, ambiental e até de auxílio à prevenção de enchentes.

As grandes cidades brasileiras, nas quais as fortes chuvas são a causa de constantes enchentes e alagamentos, são justamente os locais onde o problema da falta de água potável poderá se agravar nos próximos anos. Justamente devido a esses problemas, que não exclusivos do Brasil, a ONU definiu como tema de seu World Water Day 2011 “Água e Urbanização”. A intenção é chamar a atenção para a importância dos recursos hídricos em um contexto de rápida urbanização – segundo dados do organismo, a cada segundo duas pessoas são incorporadas à população urbana. Na América Latina, 77% dos seus habitantes vivem nas cidades e as taxas de urbanização continuam crescendo.

“A relação entre a água e as cidades é crucial. Cidades requerem grandes quantidades de água fresca/potável e, por outro lado, geram grandes impactos nos sistemas de água limpa”, alerta a ONU, lembrando que enchentes, secas e outros eventos extremos, derivados das mudanças climáticas, também podem afetar a qualidade da água nos próximos anos. As grandes oportunidades nesse contexto estão relacionadas ao aumento da reciclagem e do reuso da água e do esgoto, por meio de tecnologias mais eficientes. A captação da água na própria cidade, por meio de sistemas de reaproveitamento das águas das chuvas, também são vistas como solução para o problema do abastecimento futuro.

Apesar da grande incidência de chuvas em boa parte no Brasil, são poucas ou quase inexistentes as iniciativas para a captação das águas das chuvas nas cidades. E, para piorar, por aqui a água potável é utilizada para fins menos nobres, como em descargas sanitárias, lavatórios, para lavar pátios, regar jardins etc. Essa realidade precisará ser repensada.
A captação das águas pluviais nas edificações, especialmente em prédios, funciona como “piscinhas”, reservatórios que ajudam a diminuir bastante a quantidade de água que corre para córregos e rios em prazos muito curtos e em grande volume, causando as enchentes. Há diversos sistemas possíveis de implantação que, ao mesmo tempo em que solucionam a questão do uso da água potável para fins menos nobres, podem ser um aliado na mitigação de problemas causados por fortes chuvas, como alagamentos e enchentes.

No Brasil, há muito o que melhorar na relação entre cidades-abastecimento de água. Faltam conscientização, medidas para evitar poluição e incentivos para o uso racional da água, como a substituição de equipamentos hidrossanitários por produtos economizadores de água, que permitem economizar quase 70% comparado ao consumo dos produtos obsoletos e gastadores. Cidades dos Estados Unidos, como Nova York e Houston, por exemplo, já implantaram com sucesso programas de incentivo à adoção de equipamentos racionalizadores do consumo de água. E, claro, estamos ainda longe da desejada universalização do saneamento.  O uso racional da água, além de permitir economia nas contas mensais de saneamento, com a diminuição das contas também é peça importante ambientalmente, uma vez que menos consumo &ea cute; igual a menos poluição e traz o benefício adicional de evitar a construção de novos reservatórios e adutoras, que provocam desmatamento e, assim, destruição de parte da flora e da fauna.

O país já dispõe de tecnologias e equipamentos de ponta para a implementação de programas de uso racional da água. Precisa haver estímulo legal à sua adoção, com benefícios fiscais, por exemplo, aos que trocarem equipamentos hidrossanitários gastadores por outros, economizadores. E é essencial que os responsáveis pela aprovação de leis em âmbito municipal, estadual e federal, vereadores, deputados estaduais e federais e senadores, comecem a pensar com maior seriedade nessa questão e proponham textos legais que estimulem o uso racional da água e a captação de águas pluviais. A sociedade só tem a ganhar com essas medidas. E o meio ambiente certamente ficará muito grato.

*Paulo Costa é diretor da H2C, empresa de consultoria e planejamento de uso racional da água membro do Green Building Council Brasil.


(Envolverde/Pauta Social)
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ÁGUA VIRTUAL



Água virtual
Por Xico Graziano*

Proteger os recursos hídricos do planeta está virando uma grande batalha ambiental. Ainda bem. Rios poluídos, nascentes secando, consumo perdulário indicam crise na chamada agenda azul. Água é vida.

Cresce a consciência da sociedade sobre a importância da água. Na Europa, especialmente na Espanha e em Portugal, o assunto tornou-se quase uma obsessão. Territórios desertificados, fruto da secular, e insensata, exploração humana da natureza, exigem extrema atenção das políticas públicas. É difícil, e oneroso, recuperar florestas, protetoras da água.

As mudanças de clima trazem novo, e desastroso, componente na oferta hídrica para a humanidade. Muitas nações, com a Índia, dependem das geleiras das montanhas para garantir seu pleno fornecimento hídrico. E elas estão derretendo a olhos vistos. Que o diga o Himalaia.

No Brasil, a gestão dos recursos hídricos se fortalece, mas caminha lentamente. Avançam a proteção dos mananciais e a recuperação da biodiversidade, nas matas ciliares especialmente, mas o passo está curto diante da urgência do problema.

Poucos Estados, São Paulo à frente, fazem realmente funcionar seus comitês de bacia hidrográfica. A Agência Nacional de Águas (ANA), criada no governo de Fernando Henrique Cardoso, perdeu serventia após ser politizada nos esquemas petistas. Uma lástima.

A dramaticidade do tema favoreceu o surgimento de um novo conceito: o da "água virtual". Ele expressa uma contabilidade básica, qual seja, a de determinar a quantidade de água exigida no processo de fabricação de um produto. Isso avalia um custo ambiental.

Uma caneta ou um avião nada apresentam, visivelmente, de úmido. Entretanto, qualquer mercadoria para ser fabricada demanda certo consumo de água, em alguma fase da cadeia produtiva. Na indústria, as caldeiras movem-se pelo vapor, as quais acionam máquinas, derretem metais, moldam plásticos. Móveis inexistiriam sem a seiva das árvores, alimentadas pelas raízes no solo molhado. Por aí segue o raciocínio.

Calculando a quantidade de água necessária, ou melhor, consumida na elaboração dos bens, pode-se comparar a eficiência dos processos produtivos. Vale na indústria como na agricultura, visando à economia do recurso natural. Mais ainda: no comércio internacional, transfere-se água embutida nas mercadorias, elemento que poderia entrar no preço das exportações e importações. A rica teoria encanta ecologistas mundo afora.

Breve pesquisa na internet vai mostrar que o Brasil é o 10.º exportador mundial de "água virtual", num comércio que movimenta cerca de 1,2 trilhão de litros do precioso líquido, disfarçado nas mercadorias, sendo 67% desse volume relacionados com a venda de produtos agrícolas. Essa é a grandeza planetária da equação.

Números específicos chamam a atenção. Eles indicam que um quilo de carne bovina necessita de 15.500 litros de água para chegar à mesa; um quilo de arroz vale 3 mil litros; uma xícara de café se iguala a 140 litros de água. Surpreende a precisão. Segundo a organização The Nature Conservancy (TNC), uma importante entidade ambientalista, não necessários 10.777 litros de água para fazer uma porção de chocolate, enquanto um carro exige 147.971 litros para ser construído. Conclusão: evite sobremesas e ande de bicicleta para ajudar o equilíbrio da Terra.

Atraente, mas discutível. O cálculo desse fetiche ecológico esconde um perigo, disfarçado por pressupostos, estimativas e arbitragens que o distanciam da matemática, uma ciência exata. Na linguagem popular, chuta-se muito. O grande problema reside na estimativa da quantidade de água embutida nos alimentos. Invariavelmente uma brutal deformação pune a agricultura. Veja o porquê.

Vamos pegar o caso da carne. A conta acima da "água virtual", além do consumo na limpeza das instalações em máquinas, na ração do cocho, na silagem, etc., considera também a quantidade de água que o bicho bebe para ajudar a digestão e viver tranquilo. Acontece que um boi ingere pelo menos 30 litros/dia de água. Ao final de três anos, quando será abatido, terá engolido 32.850 litros apenas para matar a sede.

Preste atenção: incluir tal consumo na conta da "água virtual" somente estaria correto se o boi, ou sua senhora vaca, não fizessem xixi! Acontece que a urina dos animais, do homem inclusive, participa do ciclo da água na natureza, matéria elementar lecionada na quarta série do ensino fundamental. Na escola as crianças aprendem que a água assume formas variadas - gasosa, sólida e líquida - no sistema ecológico do planeta. Assim, recicla-se naturalmente.

Paradoxalmente, o ciclo da água, um dos conceitos fundamentais da ecologia, acabou esquecido pelos proponentes da "água virtual". Um absurdo científico. Dizer que um cafezinho exige 140 litros de água para ser produzido considera o volume de água absorvido pelas raízes da planta, esquecendo simplesmente a evapotranspiração que ocorre em suas folhas, sem a qual inexistiria a fotossíntese. Vale para qualquer alimento.

Em 22 de março se comemora o Dia Mundial da Água. Data para profunda reflexão. A crise ambiental do planeta afeta dramaticamente os recursos hídricos, afetando milhões de pessoas. Essa bandeira ambiental não pode ser desmoralizada por equívocos banais.

É totalmente distinto gastar água nos processos fabris, ou no resfriamento de reatores atômicos, de utilizá-la nos processos biológicos vitais. Igualá-los significa cometer erro crasso, estimulando um festival de bobagens que, no fundo, serve apenas para agredir o mundo rural. E livrar a barra dos setores urbano-industriais.

Na Páscoa coma chocolate sem culpa ambiental. Cuidado, isso sim, com a balança.

*Xico Graziano  é agrônomo, foi Secretário do Meio Ambiente do estado de São Paulo. E-mail: xicograziano@terra.com.br.

**Artigo publicado hoje, terça-feira, 22 de Março, na coluna do autor no jornal O Estado de S. Paulo, intitula-se "ÁGUA VIRTUAL". A relação completa das publicações pode ser encontrada em http://www.agrobrasil.agr.br/home/.



(Envolverde/O autor)
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segunda-feira, 21 de março de 2011

ALIMENTO HIDROPÔNICO NÃO É ORGÂNICO


São produzidos em estufas, sem uso do solo , com as raízes dentro da água ou substrato e nutridos com soluções de adubos químicos. Assim as raízes absorvem os nutrientes diretamente da água ou do meio de cultivo utilizado.
 Eventuais excessos de nutrientes ou impurezas na solução nutritiva acumulam-se na planta. Seu metabolismo desequilibrado deixa as plantas sucetíveis ao ataque de doenças e insetos , obrigando ao uso de agrotóxicos, principalmente nicotinóides (como inseticida). A beleza do produto traz a falsa impressão de ser um alimento totalmente saudável. 
Por serem cultivadas em estufas, as plantas ficam  protegidas de geadas, chuvas, vento , granizo, com ganho na produtividade e qualidade aparente, o que contribui para um fornecimento constante.
O ideal é que esse cultivo seja acompanhado por técnicos especializados para que haja o controle constante no preparo das soluções, para que o nível de nutrientes seja balanceado e forneça nutrição adequada às plantas evitando, dentre outros problemas, o acúmulo excessivo de nitratos. (FAVARO et al 2007). 
Como o nitrato é indispensável ao crescimento dos vegetais, tem sido utilizado em doses cada vez maiores para aumentar a produção.
Quando o nitrato é absorvido em grande quantidade a planta não consegue metabolizá-lo totalmente, o que provoca o acúmulo em seus tecidos. Ao ser ingerido, no trato digestivo pode ser reduzido a NITRITO (NO2-) que ao entrar na corrente sanguínea oxida o ferro da hemoglobina, produzindo a metahemoglobina. Esta forma de hemoglobina é incapaz de transportar o O2 para a respiração normal das células dos tecidos , causando a metahemoglo-binemia. Outro problema é que parte do nitrito acaba combinando com as aminas formando nitrosaminas que são cancerígenas e mutagênicas.(FAVARO et al 2007) . Além disso se acumulam nos intestinos.
A quantidade dos nitritos em vegetais produzidos na hidroponia não difere dos  produzidos de forma convencional com adubação química nitrogenada. 
A melhor opção são os orgânicos , ou ao menos , incluir os orgânicos na dieta sempre que possível.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Yoga Pela Paz: Por uma vida mais feliz

Yoga Pela Paz: Por uma vida mais feliz: "Por Marise Berg para o blog Ayurvedicamente Foto: Thiago Calazans Quando os tratados de Ayurveda foram elaborados, há aproximadamente 3.000..."

quinta-feira, 10 de março de 2011

PROTAGONISMO FEMININO E RETROCESSOS SOCIAIS

10/03/2011 - 10h03
Protagonismo feminino e retrocessos sociais
Por Liliana Peixinho*

A força interna da mulher canaliza energias que passam pelo cérebro, na razão do cuidado; vai para os músculos, na emergência em fazer tarefas, enfrentar desafios, e persiste, insiste, diante do incansável, perene e obstinado desejo de cuidar, proteger, superar-se, a cada nosso desafio. Performances que às vezes, no drible ao tempo, deixam marcas, cicatrizes expostas, dores, sofrimento, perdas irrecuperáveis. Entre a satisfação dessas superações e a dor do não compartilhamento de tarefas amenas, como o amor e cuidado com a educação, orientação dos pais, aos filhos no lar ou fora dele, fica a incerteza do futuro que estamos a desenhar para as novas gerações. Estamos, a cada novo dia, aumentando o percentual de mulheres que, sozinhas, são responsáveis pelo provimento das despesas da casa. No Norte e Nordeste do Brasil isso é mais agravante porque o número de filhos é maior e as oportunidades de trabalho bem menores que em outras regiões.

A luta da mulher pela conquista de espaço, reconhecimento, direitos e inserção social acompanha o próprio desenvolvimento humano. Muito se conquistou, com certeza, com sangue, suor e lágrimas.  O papel multifacetado da mulher é reconhecido pela mídia, movimentos sociais, coletivos profissionais, pela  própria instituição familiar que estão  a destacar a luta da mulher como pessoa, ser humano, mãe, trabalhadora, tia, avó, amante, esposa, amiga, confidente,  e os mais diversos e infinitos papéis que ela sempre esteve, está e estará fadada a desempenhar na construção de novas civilizações. Socializar essa discussão com ações cotidianas, focar desafios e mudanças para uma Economia circular, cidadã, sustentável é uma nova pauta na velha luta pela preservação da Vida.

Se as conquistas femininas por um lado nos enobrece, aumenta a nossa auto-estima, nos honra e nos orgulha. paradoxalmente estar a nos entristecer, fazer pensar, repensar, ponderar, porque essas conquistas deveriam nos fazer mais felizes, menos estressadas, mais harmoniosas e menos exploradas. E isso não está acontecendo proporcionalmente às nossas conquistas históricas. Ainda somos minoria no parlamento, ainda ganhamos muito menos que os homens, fazendo as mesmas funções, temos jornadas  múltiplas, com acúmulo de tarefas, ainda não nos reconhecemos para nos elegermos para defender o nosso próprio protagonismo na luta por direitos.  E isso é um contrasenso indignante.

É inegável o reconhecimento da participação feminina nos mais diversos ambientes de produção. A mulher se destaca como produtora do conhecimento, difusora de informações, gestora de conflitos, executora de ações verdadeiramente sustentáveis dentro das Cadeias Produtivas, de ponta a ponta, seja no lar, no trabalho, na escola, na família, na comunidade, na política, na economia. Enfim, o olhar, o fazer, o cuidado feminino, é instrumento revolucionário para a construção do novo paradigma do equilíbrio entre as necessidades de consumo e a preservação de matrizes energéticas limpas.

Guerreiras do Brasil e mundo afora que estão na luta pela conquista de novos degraus, no mais alto grau da representação política de um país, Marina, Dilma,  Ana, Tereza,  são oportunidades que nós, mulheres e/ou homens com sensibilidade feminina, temos agora, para reconhecermos, de fato, esse protagonismo feminino histórico. É importante nos apoderarmos de informações claras e diversas para analisarmos causas do desperdício de direitos,  valores e projetos da sociedade, saber contextualizar a crise estrutural do capitalismo, desenhar e perseguir uma nova visão integrada, holístíca, multifacetada, atenta a necessidades de cumprimento de todas as etapas para a formação de cadeias produtivas alinhadas às novas mudanças de um planeta sedento de cuidados para garantirmos a Vida.

Planejamento, atitude, luta, aplicação de políticas  para o desenvolvimento humano sustentável, com eqüidade, justiça social e equilíbrio ambiental, são fases importantes para qualquer ação no presente e garantia do futuro. Precisamos colocar em prática atitudes de mudança no consumo em nome da preservação da vida. Visito faculdades, empresas e instituições que têm projetos ditos “sustentáveis”, mas que não passam das idéias. O desafio é a garantia da vida com qualidade, prazer, alegria, desejo de querer fazer não porque alguém nos manda, ordena, impõe, mas porque sabemos ser necessário, importante no papel de cada um, em casa, no trabalho, na escola, no lazer.

Oportunidades que estão diretamente linkadas com a necessidade de mudança de comportamento para uma agenda doméstica sustentável, com novas atitudes sobre Consumo Consciente, Comércio Justo, Produto Limpo, Desperdício Zero, Cultura dos RRRRRR – Repensar, Racionalizar, Reduzir, Reaproveitar, Recriar, Reinventar, Reciclar, Revolucionar, através da participação social proativa, voltada para uma Economia Circular, sem desperdícios, com aproveitamento integral, total, de tudo, com resíduos na perspectiva do zero.

Mais do que entender os efeitos negativos provocados pelo Aquecimento Global e as grandes catástrofes verificadas nos últimos anos, está faltando ao Ser Humano entender, interiorizar, absorver, no coração, alma e cérebro, que a felicidade em Ser pode estar na busca do encontro com o outro. E para  caminhar nessa direção precisamos enfrentar, ainda mais, novos obstáculos, abrir mão de comportamentos egoístas, imediatistas, superficiais e meramente repetitivos, convencionais, para transgredir, subverter e quebrar regras milenares em nome da dinâmica natural das leis do Universo, com renovação, invenção, criatividade, compromisso e prazer em fazer.

*Liliana Peixinho é jornalista, ativista socioambiental. Fundadora dos Movimentos  Livres AMA/ RAMA – Amigos do Meio Ambiente e Rede de Articulação e Mobilização Ambiental Pós graduada em Mídia e Meio Ambiente. http://www.amigodomeioambiente.com.br/  lilianapeixinho@gmail.com   71 – 9938--0159 .


(Envolverde/O autor)
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sexta-feira, 4 de março de 2011

Yoga Pela Paz: Livre-se das Toxinas

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SOCIEDADE PATRIARCAL X DIREITOS DAS MULHERES


04/03/2011 - 10h03
Por uma sociedade sem violência; pelo respeito aos direitos das mulheres
Por Redação Adital

Apesar das inúmeras conquistas dos movimentos feministas nas últimas décadas, a igualdade efetiva entre homens e mulheres no Brasil continua sendo uma realidade distante. Persistem graves problemas, como a reduzida representação política, os salários desiguais, a responsabilidade quase exclusiva em relação ao trabalho doméstico e ao cuidado de filhas e filhos, a mercantilização do corpo feminino, e um dos mais graves e preocupantes, a violência de gênero. Esse tipo de violência se manifesta de diversas maneiras – como a violência doméstica, o assédio sexual, o estupro, o tráfico de mulheres, a criminalização do aborto – e atinge mulheres de todas as classes sociais, raças e idades.

Nesse contexto, a violência doméstica contra as mulheres apresenta índices alarmantes e constitui uma das maiores preocupações das brasileiras. Cinco mulheres são espancadas a cada 2 minutos no Brasil, de acordo com o estudo "Mulheres brasileiras e gênero nos espaços público e privado", da Fundação Perseu Abramo e do SESC, divulgado em fevereiro deste ano. Aproximadamente uma em cada cinco mulheres considera já ter sofrido algum tipo de violência de parte de um homem. E, segundo o Mapa da Violência 2010, do Instituto Sangari, a cada duas horas uma mulher é assassinada no Brasil. Os principais responsáveis por esses crimes são parceiros, ex-parceiros ou homens que foram rejeitados por essas mulheres. A violência machista tem consequências perversas para a saúde física e mental dessas mulheres, resulta em sentimento de culpa, isolamento, baixa auto-estima, dificuldade de participar da vida pública, entre outros desdobramentos.

Por isso, neste 8 de março, a ABONG reafirma a necessidade de se tomar medidas urgentes para combater esse problema, entre elas a efetiva implementação da Lei Maria da Penha (11.340/06), que prevê a criação de mecanismos com o objetivo de coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, estabelecendo ações para a prevenção, assistência e proteção às mulheres em situação de violência e medidas de punição dos agressores. Neste mês, diversas associadas da ABONG realizarão atividades e mobilizações contra a violência machista, entre outros problemas enfrentados pela população feminina, e defendendo a Lei Maria da Penha (leia matéria sobre isso neste Informes).

Elaborada a partir de uma proposta apresentada por um conjunto de entidades dos movimentos feministas, a Lei Maria da Penha, sancionada pelo presidente Lula em 2006, é considerada uma conquista histórica na afirmação dos direitos humanos das mulheres. A legislação engloba, além da violência física, a psicológica, sexual, patrimonial e moral, e apresenta diretrizes de políticas e ações integradas do poder público para diversas áreas.

A nova legislação trouxe inegáveis avanços, que vêm beneficiando milhares de pessoas. Um dos pontos de destaque são os instrumentos criados para combater a impunidade, que antes atingia 90% dos casos que chegavam à Justiça brasileira, e para demonstrar que essa violência não pode ser tolerada na nossa sociedade. Com a nova legislação, foi proibida a aplicação de penas de cesta básica ou multa a esses casos, que deixaram de poder ser caracterizados como crimes de menor potencial ofensivo. Estão sendo criados nos estados Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, e está em curso a descentralização e interiorização das delegacias e centros de referências de mulheres, entre outras mudanças.

A Lei Maria da Penha, no entanto, provocou fortes reações de setores conservadores que tentam invalidá-la de diferentes formas, inclusive com uma ação de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal (STF). O Centro Feminista de Estudos e Assessoria (Cfemea), uma das associadas da ABONG, atualmente acompanha 23 projetos de lei para modificá-la que tramitam no Congresso Nacional, alguns deles propondo retrocessos. Há também uma enorme resistência na aplicação da lei, por conta do machismo arraigado nas instituições públicas brasileiras.

A Central de Atendimento à Mulher (180) registrou nos últimos anos um aumento expressivo no número de denúncias, provavelmente provocado pela redução da impunidade nesses casos. Ainda assim, a pesquisa realizada pela Fundação Perseu Abramo mostra que as denúncias a alguma autoridade policial ou judicial não ultrapassam um terço dos casos. Isso quer dizer que ainda existe um enorme contingente de mulheres silenciadas, presas no ciclo da violência, que vivenciam a violência machista sem conseguir denunciá-la, muitas vezes dependentes emocional e financeiramente do agressor, que procuram preservar o núcleo familiar ou temem por suas vidas.

Provavelmente a Lei Maria da Penha não será suficiente para reverter esse problema, já que a violência contra a mulher é fruto de uma sociedade patriarcal e, dessa forma, depende de mudanças sociais e culturais muito mais profundas. No entanto, a concretização integral da Lei Maria da Penha constitui um passo importante para erradicar a violência doméstica e familiar; é necessário resistir coletivamente àqueles que a questionam e a desqualificam e impulsionar para que seja dada prioridade política e orçamentária à implementação desse instrumento.


(Envolverde/Adital)
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quarta-feira, 2 de março de 2011

PLÁSTICOS E FERTILIZANTES NO AMBIENTE MARINHO

02/03/2011 - 10h03
A "bomba relógio tóxica" dos fertilizantes e plásticos no ambiente marinho
Por Redação Global Garbage/Mercado Ético*

Enormes quantidades de fertilizantes fosfatados - um fertilizante valioso e necessário para alimentar a crescente população mundial - estão atingindo os oceanos como resultados da ineficiência na agricultura e da falha na reciclagem de águas residuais.

A poluição por fosfato, juntamente com outras descargas descontroladas como as de nitrogênio e esgoto, está relacionada ao aumento no crescimento de algas, que por sua vez prejudicam a qualidade da água, aumentam a quantidade de peixes envenenados e comprometem o turismo costeiro.

Somente nos Estados Unidos, os custos estão estimados em mais de US$2 bilhões por ano, o que indica que no mundo todo anualmente o prejuízo pode chegar a dezenas de bilhões de dólares.

Ao mesmo tempo há uma preocupação crescente quanto ao impacto que bilhões de fragmentos de plásticos, tanto grandes quanto pequenos, causam à saúde do ambiente marinho global.

Novas pesquisas sugerem que os plásticos em pequenos fragmentos espalhados nos oceanos - juntamente com os pellets (http://www.globalgarbage.org/blog/index.php/2010/08/16/plastic-pellets-nas-praias-de-santos/) descartados pela indústria - podem absorver uma variada gama de elementos químicos tóxicos ligados ao câncer e impactar os processos reprodutivos dos seres humanos e da vida selvagem.

Especialistas afirmam que tanto as descargas de fosfato quanto as novas preocupações referentes aos plásticos salientam a necessidade de um melhor gerenciamento do lixo mundial e também da melhoria nos padrões de consumo e produção.

Os dois assuntos são colocados como questões-chave - considerados como persistentes ou emergente - no Year Book 2011 (http://www.unep.org/yearbook/2011/)do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (em inglês, UNEP) que está sendo lançado hoje antecedendo a reunião anual de ministros mundiais de meio ambiente, com abertura em 21 de fevereiro.

Achim Steiner, Sub-Secretário-Geral e Diretor Executivo do UNEP, disse: “A ciência é fundamental para ajudar os governos a priorizarem ações sobre os desafios persistentes e emergentes - de fato, as questões emergentes serão o tema central nos próximos 15 meses, à medida que os ministros se preparam para a decisiva Conferência Rio+20, a ser realizada no Brasil no próximo ano”.

“O fosfato e as histórias de plásticos no ambiente marinho evidenciam a necessidade urgente de se preencher lacunas científicas, mas também de se catalisar uma transição global para uma Economia Verde a fim de se concretizar o desenvolvimento sustentável e o combate à pobreza”, acrescentou.

A partir daqui - no Conselho Governamental do UNEP/Fórum Ministerial Global para o Meio Ambiente - começaremos consultas globais e regionais sobre uma pequena lista dos principais desafios científicos que precisam ser tratados a fim de auxiliar nessa transição e apoiar os governos na Rio +20″, disse Steiner.

“O foco estará também sobre as soluções e oportunidades. Seja fosfato, plástico ou qualquer outro dos tantos desafios enfrentados pelo mundo moderno, há, claramente, inúmeras oportunidades para a geração de novos tipos de empregos e também de indústrias mais eficientes”, acrescentou.

“Algo que traga uma gestão mais inteligente, um imperativo para a reciclagem transformadora de resíduos e seus impactos ambientais e de saúde, a partir de um problema sério em um valioso recurso, e que mantenha a área ocupada da humanidade dentro de limites planetários”, complementou.

Fosfato - o Desperdício de um Recurso Precioso à Agricultura
O UNEP Year Book 2011 destacou o fosfato, cuja demanda disparou durante o século 20, em parte por causa do debate acalorado sobre a possibilidade das reservas finitas de rocha fosfática acabarem em breve.

Estima-se que 35 países produzam fosfato de rocha e entre os dez países com as maiores reservas estão a Algéria, China, Israel, Jordânia, Rússia, África do Sul, Síria e Estados Unidos.

Novas minas de fosfato têm sido comissionadas em países como Austrália, Peru e Arábia Saudita e há países e também empresas buscando por novos horizontes mesmo que distantes, inclusive no fundo do mar na costa da Namíbia.

Alguns pesquisadores sugerem que o consumo de fosfato no mundo é, a médio e longo prazo, insustentável e que o pico de produção, com um posterior declínio, poderá ocorrer no século 21.

Outros discordam. O Centro Internacional de Desenvolvimento de Fertilizantes recentemente revisou para mais além as estimativas de reservas de cerca de 16 bilhões de toneladas para 60 bilhões de toneladas - considerando taxas de produção atuais, estas reservas poderiam durar por mais 300 a 400 anos. O Serviço Geológico dos Estados Unidos também ajustou recentemente as suas estimativas para 65 bilhões de toneladas. No entanto, os defensores da teoria do pico do fosfato argumentam que mesmo que o cronograma possa variar, a questão fundamental quanto ao fornecimento de fosfato, barato e facilmente acessível é, em última análise, limitada, e isso não vai mudar.

O Year Book conclama para uma avaliação global do fosfato e para o mapeamento mais preciso dos fluxos deste material no meio ambiente e quanto ao prognóstico dos níveis de reservas economicamente viáveis.

De acordo com o Year Book, a utilização global de fertilizantes que contêm fosfato, nitrogênio e potássio aumentou 600% entre os anos de 1950 e 2000.

Ele acrescenta que o crescimento populacional nos países em desenvolvimento e o aumento dos níveis de laticínios e da carne na dieta global são susceptíveis de aumentar ainda mais o uso de fertilizantes.

“Embora existam quantidades comercialmente exploráveis de rocha fosfática em diversos países, aqueles que não têm reservas nacionais poderão estar particularmente vulneráveis no caso de insuficiências globais”, observa o Year Book .

Mais pesquisas são necessárias para que se possa conhecer a forma como o fosfato se desloca pelo meio ambiente, a fim de maximizar a sua utilização na produção agrícola e pecuária e também reduzir o desperdício e impactos ambientais, inclusive em rios e oceanos.

• Atualmente, os seres humanos consomem - através da comida - apenas cerca de 1/5 do fosfato extraído, ficando o restante retido no solo ou sendo lançado no meio ambiente aquático.

• Nos últimos 50 anos, concentrações de fosfato em águas doces e em terra têm crescido na ordem de pelo menos 75%.

• O fluxo estimado de fosfato para o ambiente marinho a partir da terra já está na ordem de 22 milhões de toneladas por ano.

O Year Book aponta para a enorme oportunidade da reciclagem de águas residuais: nas mega- cidades dos países em desenvolvimento, até 70% desta água - carregada de nutrientes e fertilizantes, como o fosfato - é despejada sem tratamento em rios e zonas costeiras.

• Na Suécia, por exemplo, objetiva-se reciclar 60% do fosfato contido nas águas residuais dos municípios até o ano de 2015.

Outras medidas para reduzir as liberações incluem a redução da erosão e da perda da camada superior da terra onde grandes quantidades de fosfato estão associadas com as partículas do solo e com fertilizantes em excesso que são armazenados após a aplicação.

• Na África, as perdas de solo estão próximas de 0,50 toneladas por hectare por ano e na Ásia esta relação é ainda maior, chegando a quase 1,70 toneladas por hectare por ano.

As medidas de gestão da terra incluem a aração em contornos; o plantio em curva de nível de cercas-vivas em encostas íngremes, a aplicação de mulch e a plantação de culturas de cobertura e outra vegetações no solo.

Aumentar as taxas de reciclagem em minas de fosfato também poderia ajudar na conservação dos recursos e reduzir as descargas de sistemas de água local.

Plásticos no Ambiente Marinho - Uma Nova Bomba Relógio Tóxica?

A segunda questão emergente destacada no Year Book 2011 é quanto à necessidade da intensificação das pesquisas sobre o impacto dos plásticos que estão chegando aos oceanos.

Os cientistas estão se preocupando não somente com o dano direto à vida selvagem, mas quanto à toxicidade potencial de alguns tipos de materiais chamados de micro plásticos.

Estes micro-plásticos são pequenos pedaços com dimensão inferior a cinco milímetros que são descartados como pellets pelas indústrias, ou que se formam como resultado de pedaços maiores de plástico que se partem, por exemplo, devido à ação das ondas ou pela luz do sol.

A quantidade exata de plásticos, incluindo os micro-plásticos, que estão entrando ou se formando nos oceanos a partir das descargas terrígenas - mas também de embarcações e barcos de pesca- é desconhecida.

O que se sabe é que o consumo per capita de plástico, da embalagem até as sacolas plásticas e da indústria até os bens de consumo, têm aumentado acentuadamente.

• Na América do Norte e na Europa Ocidental, cada pessoa já utiliza cerca de 100 kg de materiais plásticos por ano - e é provável que esse número aumente para 140 kg até 2015.

• Cada pessoa que vive em países asiáticos em rápido desenvolvimento, utiliza cerca de 20 quilos de plástico por ano - este número deverá crescer para cerca de 36 quilos até 2015.

Atualmente, as taxas de reciclagem e de re-utilização variam enormemente mesmo entre países desenvolvidos.

Na Europa, as taxas de reciclagem de plásticos para a geração de energia variaram de 25% ou menos em diversos países europeus para mais de 80% na Noruega e na Suíça.

Preocupações anteriores relacionadas ao plástico incluem danos e morte na vida selvagem por emaranhamento.

Existe também uma preocupação quanto à vida selvagem se alimentar frequentemente de plásticos, pensando se tratar de alimento. Os albatrozes, por exemplo, podem confundir plástico vermelho com lulas, da mesma forma tartarugas podem achar que sacolas plásticas são águas vivas. Aves marinhas jovens de algumas espécies podem sofrer de má nutrição se elas se alimentarem de muito plástico, pensando estar ingerindo alimento.

Mas, o Year Book levanta uma bandeira sobre uma nova preocupação designada de “substância persistentes, bio-acumuláveis e tóxicas” associadas ao lixo marinho plástico.

A pesquisa indica que pedaços pequenos ou minúsculos de plástico estão absorvendo e concentrando, a partir da água do mar e de sedimentos, uma ampla gama de produtos químicos que vão dos bifenilos policlorados (PCBs) até pesticidas DDT.

“Muitos desses poluentes, incluindo os PCBs, causam efeitos crônicos como a desregulação endócrina, mutagenicidade e carcinogenicidade”, relata o Year Book.

“Alguns cientistas estão preocupados sobre a possibilidade de que esses agentes contaminantes persistentes possam eventualmente acabar na cadeia alimentar, embora haja uma grande incerteza quanto ao grau de ameaça que isso representa à saúde humana e à saúde do ecossistema” acrescenta.

Espécies como o espadarte e as focas - que estão no topo da cadeia alimentar - são citadas como potencialmente vulneráveis. Estas espécies são também consumidas pelos seres humanos.

Foi realizada recentemente uma pesquisa em 56 praias, em cerca de 30 países, sobre as concentrações de PCB em pellets levados pela água até a costa.

• As concentrações mais elevadas foram encontradas em pellets plásticos nos Estados Unidos, na Europa Ocidental e no Japão - as mais baixas foram localizadas na Ásia tropical e na África do Sul.

O Year Book registra uma série de iniciativas novas e já existentes, linhas de orientação e leis que visam à redução das descargas de plásticos e outros tipos de lixos.

Elas vão desde a Convenção Internacional para Prevenção da Poluição por Navios das Nações Unidas até o Programa Global de Ação para a Proteção do Ambiente Marinho das Atividades Baseadas em Terra do UNEP.

O Year Book apela para uma melhor aplicação de tais regras, para a conscientização do consumidor, para mudanças comportamentais e também para um melhor suporte às iniciativas nacionais e comunitárias.

Há ainda uma necessidade urgente de um melhor e mais inovador sistema de monitoramente de plásticos em todo o ambiente marinho, dado que ainda há lacunas reais quanto ao destino
final destes materiais.

Há evidências de que alguns plásticos não estão flutuando, mas sim afundando e se acumulando no fundo do mar.

“Lixo plástico tem sido observado no fundo do oceano a profundidades que vão do Estreito de Fram, no Atlântico Norte, até os cânions de águas profundas ao largo da costa do Mediterrâneo - acredita-se que a maior parte do plástico existente no Mar do Norte resida no fundo do mar”, diz o Year Book.

Ele também apela para a introdução progressiva de mudanças na coleta, reciclagem e reutilização de plásticos. “Se o plástico fosse tratado como um recurso valioso, ao invés de apenas um resíduo, todas as oportunidades para criar um valor secundário para o material ofereceriam incentivos econômicos para a coleta e reprocessamento”, ressalta o Year Book.

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Tradução Global Garbage/Miriam Santini

Revisão técnica Projeto Lixo Marinho/Gerson Fernandino

*A reprodução da série especial sobre o lixo marinho é resultado da parceria entre o Mercado Ético, a Global Garbage e a Associação Praia Local Lixo Global/Projeto Lixo Marinho.

**Publicado originalmente no site Mercado Ético - http://mercadoetico.terra.com.br/arquivo/a-bomba-relogio-toxica-dos-fertilizantes-e-plasticos-no-ambiente-marinho/?utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_campaign=mercado-etico-hoje



(Envolverde/Mercado Ético)
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